sexta-feira, 8 de julho de 2016

Será que um homem sem fod** sabe escrever bem?

Numa entrevista, publicada no site El País, a 19 de Setembro de 2015, António Lobo Antunes começa por afirmar, quando o entrevistador lhe menciona que Lisboa é a cidade de Fernando Pessoa, que a escrita deste lhe causa aborrecimento. Acha-a demasiado semelhante a outros escritores. Admitindo mesmo: "pergunto-me se um homem que nunca fodeu pode ser um bom escritor".
Esta é uma afirmação, um tanto ou quanto... bruta.
Pessoalmente, se fosse o Nandinho, ter-lhe-ia respondido "Se não sou um bom escritor, pega na tua caneta e ensina-me a escrever!", só assim por causa das coisas. Mas como o senhor já não é vivo, também não vale a pena começar com pensamentos necrófilos.

Relativamente ao dito, não concordo, em nada, com a opinião do sr Lobo. Primeiro, porque não há provas que o Fernando não tenha mesmo "fodido" (tem de ter aspas porque é palavrão) com ninguém. A Ofélinha, de certeza que não se aguentava o tempo todo, ao lado dele, só com palavras de amor e beijinhos na boca e... mesmo mais tarde, quando afirmaram que o senhor seria homossexual, também não há provas que ele não tivesse provado o prazer de um membro possante e duro a entrar-lhe pelo cu a dentro (que me perdoem os mais sensíveis).
Por isso, defendo-o vivamente.
Segundo, porque o senhor Fernando era um excelente escritor. Pode ter deixado textos que não agradavam a alguns, mas não há dúvida alguma que ele, como pessoa, era um autêntico génio. Pessoalmente, também não fui fã de certos poemas dos heterónimos. Achava-os realmente aborrecidos. Mas pensando que esses heterónimos fazem parte da pessoa que Pessoa foi, passei a vê-los com outros olhos.
A essência, na minha opinião pessoal, está em todos os escritos que Fernando Pessoa (o próprio) nos deixou, e não nos 3 ou 4 ou 5 estados de espírito, que ele quis separar de si e dar-lhes nome, que criou.

1 comentário:

mfc disse...

É pena que a vida nos endureça (?) e não nos permita que continuemos a emocionarmo-nos, sem que façamos um julgamento prévio.
Sejamos puros da forma mais impura possível.