...e que raio de raio que é o raio do amor!
Ah, sentimentozinho malvado!
" (...) Michael Corleone viu-se em pé, com o coração batendo-lhe no peito; sentiu uma pequena tontura. O sangue circulava aceleradamente através do seu corpo, através de todas as suas extremidades e chocava-se nas pontas dos dedos das mãos e dos pés (...) Parecia que o seu próprio corpo tinha saltado para fora dele mesmo. E então ouviu os dois pastores rirem.
- Foi atingido pelo raio, hein? - Perguntou Fabrizzio, batendo-lhe no ombro. (...) Você não pode esconder o raio. Quando ele atinge uma pessoa, toda a gente vê. (...) Era a primeira vez na vida que tal coisa lhe acontecia. Não era nada semelhante às suas paixões de adolescente (...) isto era um desejo esmagador de posse, era uma impressão indelével do rosto da rapariga no seu cérebro e ele sabia que ela lhe perseguiria a memória em cada dia da sua vida se não a possuísse. A sua vida simplificara-se, focalizara-se num ponto, tudo o mais não merecia sequer um momento de atenção. (...) Sentiu aquela falta de ar, aquela invasão do seu corpo por uma coisa que não era somente desejo mas uma posse louca. Compreendeu pela primeira vez o ciúme clássico do homem italiano. Estava naquele momento disposto a matar qualquer pessoa que tocasse naquela rapariga, que tentasse reclamá-la, arrebatar-lha. Queria possui-la tão selvaticamente como um avarento quer possuir moedas de ouro, tão famintamente como um meeiro quer a sua própria terra. Nada iria impedi-lo de ter aquela rapariga, possuí-la, trancá-la numa casa e mantê-la prisioneira só para ele. Não queria que ninguém a visse sequer. A família compreendeu logo que era um caso clássico do «raio»..."
Mario Puzo, `O Padrinho´
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