quinta-feira, 7 de julho de 2016

Os animais são empáticos (digo eu)

Para comprovar esta minha afirmação posso-vos descrever dois episódios passados comigo.

Já tinha combinado, há muito, ir passar alguns dias com uma amiga, um dos gatinhos dela, o Conguito, e conhecer um novo residente da casa. 
Aconteceu ter calhado isso há uns meses. 
Nesse dia, em que iria ter com ela, por uma razão pessoal, que não interessa ser transcrita, passei um dia inteiro bastante fragilizada e, como tal, chorava baba e ranho mal ouvisse alguma coisa que não me caísse muito bem - Haters gonna love! - e nesse dia nada de nada me caiu muito bem. 
Como combinado, no fim de tarde, cheguei a casa dela. Só que estava cansada, exausta, o dia tinha sido extenuante fisicamente e emocionalmente cansativo. Mas fiquei melhor na sua companhia.
Já lá não ia há mais de um ano e, como tal, queria voltar a matar saudades. Naquela altura, apenas o Conguito estava lá. Mas agora, havia mais um outro inquilino chamado Garfield. Este é um bebé grande, com meses de vida, jovem, mas grande em estatura, possivelmente arraçado de Maine Coon. O Conguito é um elegante ex gatinho de rua, preto, de olhos verdes, adulto. Os dois não são nada sociáveis com pessoas novas e mesmo eu, tendo ido imensas vezes a casa da minha amiga, o Conguito, sempre que lá vou, ignora-me profundamente no início. 

Como sempre, dormi na sala, num sofá cama que estreei nesse dia. 
Na manhã seguinte, acordei ao sentir alguém (de pequena estatura e com quatro patas) a andar ao meu lado no sofá. Esse alguém parou, ao lado da minha cara, e senti um monte de pêlo mandar-se para cima dela - naquela altura tinha os olhos tapados e não estava grandemente interessada em acordar. Ora, não querendo acordar, acordei, com um ronronar em som surround e uma mini lixa a lamber-me a orelha e a despentear-me o cabelo. Depois, de uma forma que eu descrevo como muito carinhosa, talvez até sensual, arrisco, sinto uma boca com duas fileiras de dentinhos pequenos e afiados a mordiscar-me a orelha. E isto tudo durante cerca de 5 minutos. Até que esse alguém se apercebe que o carinho ali demonstrado é apenas unilateral e opta por se ir embora. Sorrateiramente levanto os olhos do lençol para espreitar e vejo que o senhor Garfield, que não sendo um gato dado a gente nova, optou por me dar as boas vindas com um tratamento com maior intimidade.

Mais tarde, estava sozinha na sala a ver televisão. Deitado (em decúbito esternocostal - isto é importante para manter o tom lírico no texto) estava o Conguito ao meu lado direito. Naquele momento, eu - Epá, entrou-me uma mosca para o olho! - deitei umas lagrimitas. O menino olhou fixamente para mim e colocou as duas mãozinhas (membros anteriores - olha o tom!) em cima da minha perna, enquanto me deixava afagá-lo. Depois, quando acalmei, olhou para mim, tirou as mãos e voltou à sua pose habitual de gatinho encolhido e de olhos fechados, ao meu lado no sofá.

Cada qual que tire destes episódios as suas próprias conclusões. Eu cá, além de ficar com a certeza que só posso ser uma óptima pessoa (Só posso! Claro!), também fico, com mais certeza ainda, que os animais - todos - sentem o que outros animais, e pessoas, sentem. 

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