terça-feira, 23 de agosto de 2016

Canto alentejano (Grupo Os Lagóias)

Estes vídeos pertencem ao grupo coral Os Lagóias (de Portalegre). Partilho-os pelo gosto da música e porque o cante alentejano é, meritoriamente, Património Cultural Imaterial da Humanidade. 

Rosa Branca 


Eu subi ao cerro 


Eu sou devedor à terra



Alentejo, Alentejo (Terra sagrada do pão)


(Quando estava pela capital, aconteceu choramingar com saudades do "meu" Alentejo, principalmente nos primeiros tempos, que foram mais duros. Mas depois de me lembrar de tudo o que gosto nele - o que inclui este cantar tão típico - e em particular, da minha linda cidade e dos bichinhos, tudo passa.)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Chicotada psicológica (artigo de opinião sobre 50 Sombras de Grey, revista Ler)

Encontrei este artigo hoje (andei ocupada com cabrinhas, cavalinhos e outros tantos, desde 2012 até agora...) e é, na minha opinião, a melhor crítica sobre o livro As 50 Sombras de Grey, que já li. Partilho aqui um excerto. Caso queiram ler o restante artigo, é favor consultar o número da revista, mencionado em baixo.

"(...)
O que nos leva de volta à qualidade geral da prosa - muito mais suja que o sexo, e tudo menos convencional. Como um Ulisses ao contrário, As Cinquenta Sombras de Grey é um livro que dissolve as categorias da falta de jeito, e serve como compêndio de tudo aquilo que é possível evitar:

a) Repetição. Ao longo de 548 páginas, personagens «murmuram» ou «sussurram» mais de 350 vezes, e «engolem em seco» 28 vezes. Sobrolhos são «franzidos» 78 vezes, testas são «franzidas» 21 vezes, uma sobrancelha é «erguida» ou «arqueada» 45 vezes. Lábios podem «crispar-se» (três vezes), «contrair-se» (seis vezes) ou «comprimir-se numa linha dura» (12 vezes), mas o mais provável é que um deles seja «mordido» (31 vezes).
Quanto aos olhos, embora «pisquem» ou «pestanejem» abundantemente, o mais certo é que alguém os revire (39 vezes).
Mas E. L. James (n. 1963) depressa transcende as limitações da linguagem. Como um Shakespeare da repetição, vai reconfigurando os elementos em novas e acrobáticas formas. De repente é possível «franzir» não apenas o sobrolho, mas «os lábios», «os olhos», ou mesmo o «rosto inteiro»! Há duelos fisionómicos improvisados: «Vi Christian revirar os olhos e arqueei-lhe uma sobrancelha. Ele semicerrou-me os olhos.» O excesso competitivo faz-se notar: Anastasia, joga o seu ás de trunfo quando sorri e morde o lábio inferior ao mesmo tempo.  Grey responde com um ousado «arqueou uma sobrancelha, piscando os olhos», combinação que, de acordo com testes conduzidos diante de um espelho, tem o mérito de evocar plausivelmente os sinais de um acidente vascular cerebral.

b) Surrealismo inadvertido. Além dos orgasmos acima citados, temos também um simultâneo: «Dois orgasmos a desfazerem-se nas costuras, como a centrifugação da máquina de lavar roupa. Uau!» (Nota: este é um de vários momentos em que a batoteira tradução portuguesa disfarçou os disparates do original, optando por uma versão menos ridícula.)

c) Informação supérflua. No prólogo de mais uma cena de cama, somos inflamados de que Grey «tirou cada uma das meias individualmente». Ocorre que ele estava de pé, caso em que só valeria a pena esclarecer o leitor caso ele tirasse aos meias ao mesmo tempo. (Nota: é possível, com algum treino)

d) O erro básico. Um elevador sobe até ao vigésimo andar em «velocidade terminal». Sobe em velocidade terminal.

e) Indecisão metafórica + redundância. Anastasia descreve a sensação de ter Christian Grey na sua sala de estar: «Era como ter uma pantera ou um puma absolutamente imprevisível e predatório na sala de estar.» A vantagem de ter uma comparação perde-se quando é necessário elucidar os termos da figura escolhida. A imagem de um puma (ou, vá lá, de uma pantera) na sala de estar já indica (enfim) que estamos a lidar com o desconforto do imprevisível e do predatório. A não ser que o esclarecimento adicional sirva para distinguir este puma/pantera de todos os outros: os vegetarianos, e apreciadores de uma boa conversa de salão.

f) A ideia simplesmente má. Ao longo de todo o livro, Anastasia personifica o seu «subconsciente» e a sua «deusa interior», duas entidades autónomas que vão dando bitaites no interior da sua cabeça. A «deusa interior» é uma espécie de cheerleader sexual. A função do «subconsciente» (além de mostrar que a autora não sabe o que é o «subconsciente»; o que ela queria dizer era algo como «superego») é admoestar a sua portadora, utilizando os mesmos meios de todos os outros personagens:«o meu subconsciente franziu o sobrolho», «o meu subconsciente revirou os olhos», etc.

g) Personagens com mais discernimento estético do que a autora. A dada altura, já depois de dezenas de sobrolhos franzidos, encontramos isto: «Não franzas o sobrolho - disse ele, em tom ameaçador.»

h) A alusão literária contraproducente. Logo nas primeiras páginas, Anastasia ensaia esta justificação para a sua falta de interesse nos rapazes que a cortejam: «Talvez tivesse gastado demasiado tempo na companhia dos meus heróis românticos da literatura e, em consequência disso, os meus ideais e expectativas fossem descabidamente altos.» Entre os seus livros «românticos» preferidos, são explicitamente mencionados Jane Eyre - em que a principal figura masculina é um cruel e distante tiranete doméstico que enfia a sua ex-mulher num sótão quando ela enlouquece - e Tess d'Ubervilles - em que a principal figura masculina é um psicopata que viola a protagonista. São estas as expectativas «descabidamente altas» que os pretendentes ao romântico coração de Anastasia devem superar.

(...)"

Texto de Rogério Casanova, Revista Ler nº 116, Setembro de 2012

Satus e amor não se complementam


improvisação

As pérolazinhas que eu encontrei na minha conta pessoal do ask:


Qual a tua opinião sobre a subjectividade da relatividade?

Penso que deveria ser abordada de uma forma mais objectiva.


Descreve a tua vida em cinco palavras.

não sei como a descrever


Como imaginas o futuro?

Desfocado


domingo, 21 de agosto de 2016

"Se você quer mesmo escrever, tem que escrever para ser o melhor"


Entrevista com António Lobo Antunes (2009)


Relativamente à profissão de escritor (e eu generalizo: para todas), este senhor disse tudo:

"Se você quer mesmo escrever, tem que escrever para ser o melhor. (...) 
Um escritor não pode estar no alto de um pedestral. A gente não pode amar aquilo que não pode tocar. Tem que estar no meio dos homens, entre eles. Porque só no meio dos homens, entre eles, é que vale a pena viver."

É por estes motivos que há escritores que são considerados medíocres: só se sendo humilde é que se consegue atingir a excelência e há muitos escritores que não o são.
E, pelo que vejo, este senhor já atingiu um patamar de sucesso que actualmente poucos, na mesma situação, igualam.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Para mim, se na vida, uma porta se fechou, então é porque nunca esteve aberta.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Merda de artista (1961) e Respiração de artista (1960) pode ser igual a Ar de Fátima (2016)


"Artist's Shit" de Piero Manzoni
Estilo: Arte Conceptual


Segundo o que se sabe, esta foi uma das principais obras do artista italiano Piero Manzoni, consiste numa série de 90 latas cheias das próprias fezes e rotuladas em italiano, francês, alemão e inglês com o seguinte: "Artist's Shit Contents 30 gr net Freshly preserved Produced and tinned in May 1961".
Também há relatos que o seu conteúdo poderá ser gesso e não fezes, mas sem certezas.
Foram vendidas mais tarde, muito após a morte do artista, por cerca de um milhão de euros.


"Fiato d'artista"

Uma outra das suas obras mais controversas, realizada muito antes, em 1960, foi a intitulada "Artist's Breath" ("Fiato d'artista"). Esta consistiu num balão de ar vermelho, enchido por ele, e preso com uma corda numa tábua de madeira, com uma placa no final a indicar o nome do artista e da obra. Mais tarde, foi vendido em 2007 por cerca de 124 000€.

Essencialmente, Manzoni foi um artista cujo objectivo principal era provocar e romper com os padrões estabelecidos de bom senso e da arte e, pelo que se pode apurar, conseguiu.


Mas agora: "arzinho abençoado" da nossa senhora de Fátima em latinhas, não é? Ena, quanta originalidade!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Visita ao Museu Gulbenkian (pormenor)



Abafador / Dish Cover "Cloche" (pormenor)
Antoine- Sébastien Durand (1740)
Paris, 1765-66
Prata,  Museu Calouste Gulbenkian 

Gato + Drone = ...

A história começa com "Eu tinha um gato...". Neste caso, o sujeito que o diz é um senhor chamado Bart Jansen que, em 2012, teve a inovadora ideia de taxidermizar o seu falecido gatinho Orville, juntá-lo a um drone e chamar ao produto resultante "OrvilleCopter".
A notícia integral encontra-se espalhada pela Internet.
Desde 2012 que existem vários artigos e reportagens sobre o fenómeno - a meu ver, escusadas, pois estão a dar brilhantismo a uma coisa que nem o merecia, mas já se sabe que tudo o que é bizarro chama a atenção - e parece que este senhor ainda anseia por retornar a realizar a proeza, desta vez, com uma vaca.



segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Corrector


Odeio o corrector ortográfico automático do meu telemóvel. É extremamente desconcertante ficar irritada, escrever "porra"* e a minha irritação abrandar durante o tempo em que me vejo obrigada a apagar o "t" e substituí-lo por um "r".
Porta, bolas!


*Que até nem é, diga-se de passagem, um palavrão por aí além. Pelo Alentejo costuma-se dizer que "porra é massa frita", mas não sei de onde vem o significado disto...




Mais do mesmo pela Internet... 



























quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Blooping


Hoje, no programa Queridas Manhãs, o nosso simpático João Paulo Rodrigues teve a amabilidade de afirmar que, relativamente ao passatempo Furo da Sorte, "Curiosamente, todas as pessoas que ganharam, eram pessoas que precisavam mesmo do dinheiro". 
Pois... Não creio que senhores que não precisem, como o Ricardo Salgado e afins, se vão dar ao trabalho de participar num passatempo para ganhar (com possibilidades remotas) cerca de 1000€, onde só têm que gastar 0,74€. 
Oportunidades para ganhar dinheiro sem fazer muito, neste caso, onde só é preciso uma chamada, não é apelativo para pessoas que estejam numa situação confortável financeiramente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Sabe-se que é amor, quando se faz 200 km a pé

Hoje, durante a hora do lanche, cá por casa, estavam a ver na tv o programa do Rodrigo Faro. Neste episódio, um senhor (não me recordo o nome) tinha ido lá para voltar a conquistar a sua amada Sheila que, segundo o pouco que - não me esforçando por perceber, me enfiaram pelos olhos e ouvidos dentro - ele expulsou de casa, há alguns anos, mais as duas filhas. Depois, segundo o que percebi, ele arrependeu-se e andou a pé 200 Km para voltar a falar com ela e chegou inclusive a dormir na rua durante a viagem.
No estúdio, estava este senhor com o Rodrigo, supostamente a cheirar objectos que lhe faziam lembrar a mulher e as filhas (sim, cheirar) e aparecia numa tv um repórter a falar com a suposta Sheila. Ele pergunta-lhe:
- O que me diz de ele [o ex-marido] ter andado 200 km a pé só para fazerem as pazes?
Respondo eu, alto:
- Que tem boas pernas para andar. [riso maléfico]
Claro que mais ninguém se riu, só eu...
E é por estas coisas que ninguém gosta de mim.
Bolas.